1ª |
Personagens principais:
Jun
Naru
Na
ocasião do Equinócio de Primavera a famíla e Naru viajou para Atami para
aproveitarem o feriado e visitarem túmulos de entes queridos, costume comum na
ocasião.
Naru era
uma menina de onze anos, tinha um olhar vívido e arteiro e um longo cabelo
avermelhado, que parecia arder em contraste aos seus olhos azuis como o mar ao
cair da noite.
Ela não
gostava de visitar túmulos, por isso se afastou enquanto seus pais acendiam
incensos em honra aos ancestrais.
Encontrou
um lugar gramado, coberto pela sombra de um antigo mausoléu. Foi quando viu
algo a certa distância que chamou sua atenção, havia inúmeras borboletas voando
no mesmo lugar e Naru queria correr atras de borboletas.
Se
aproximou sorrateira como se fosse assustá-las, mas ela que se surpreendeu.
Havia
alguém debaixo de todas aquelas borboletas?
Estaria
morto?
Mas...
Mortos não ficavam em suas tumbas?
Caiu
sentada na grama surpreendida quando a pessoa abriu seus olhos, vislumbrou
calmamente e sentou-se na grama, as borboletas esvoaçaram em volta de Naru e...
Quem era? Outra menina!
__Quem você pensa que é para me assustar assim?__
Naru esbravejou, ainda sentada na grama.
__Oi! Não queria te assustar, ne?... Eu sou Jun!
Por que você espantou as borboletas?
A outra
criança também vestia um kimono como Naru, tinha o cabelo cinzento amarrado num
rabo de cavalo bagunçado, olhos lilases brandos.
__Que fazia aí na grama?
__Eu estava brincando, ora... Você quer brincar
comigo? Meus pais vieram visitar os túmulos dos meus avós.
Naru de
pronto se animou! Abriu um sorrisão estendo a mão para Jun e as duas crianças
sairam correndo de mãos dadas, deixaram o cemitério brincando de esconder entre
as cerejeiras em flor.
Passaram
algum tempo juntas à beira de um riacho, arregaçando os kimonos nos joelhos,
molhando os pés nas águas cristalinas enquanto observavam as carpas nadando em
bando.
Naru
estava encantada com Jun, nunca tinha encontrado uma amiga com que sentisse
tamanha afinidade, queria tanto que aquele dia não terminasse! Pouco falaram,
mas muito se riram, continuaram de mãos dadas.
Ficaram
vislumbrando as nuvens, de repente Naru olhou para Jun e elas se olharam, não
esperava que Jun estalasse um beijinho nos seus lábios, apertando esfuziante
enquanto a tarde se findava.
Naru
corou até as orelhas e encarou o riacho, uma carpa saltou sobre a água e seu
coração disparou de alegria.
Mas...
Por que uma menina como ela a beijaria na boca? Pensava consigo que não tinha
problema se o beijo tinha vindo de Jun.
Contemplaram juntas o poente, as cores eram intensas, Naru nunca tinha
prestado atenção no por-do-sol, era tão lindo... Não tinha dúvidas que se era
tão belo era por causa de Jun que tinha seus cabelos platinados tingidos pela
cor violácea do poente.
Quando
uma sombra se colocou entre Naru e Jun.
As duas
crianças olharam para tras ainda de mãos dadas e Naru encarou surpreendida seus
pais.
No mesmo
instante, soube que tinha que partir.
Soube que
tinha que soltar a mão de Jun.
Naru
ficou subitamente triste, era como largar um pedaço de si.
Jun
acariciou seu rosto e combinaram num cochicho de se encontrarem ali no próximo
Equinócio.
Naru
partiu com seus pais e tinha o coração estranhamente partido.
O
próximo equinócio seria apenas no outono no mês de setembro.
Por isso, Naru contou cada dia.
Não
conseguia parar de pensar em Jun, pensava no beijo, no calor da mão que havia
segurado a sua durante um dia inteiro.
Se
perguntava num assombro se isso é que seria estar apaixonada.
Antes
do Equinócio de outono, Naru completou doze anos.
Quando
chegou a ocasião em que tinham marcado de se encontrar, Naru nem entrou no
cemitério com seus pais, correu ansiosa para o riacho onde tinha estado com Jun
pela última vez.
Ficava
com receio de não ser reconhecida porque não usava um kimono, estava frio e as
cerejeiras não estavam mais em flor, naquele dia não havia nuvens e tudo estava
diferente.
Tinha
medo que Jun não estivesse lá.
Foi quando
avistou alguém que parecia ter sua idade, olhava o mesmo riacho a certa
distância.
Resolveu se aproximar em sua inquietude... Quem sabe tinha visto Jun.
Viu que
era um menino trajando roupas quentes, um agasalho com gorro.
__Escuta, menino... Você viu uma menina por aqui?
O menino
sorriu e Naru ficou irritada, por que ele não respondia logo?
__Oi, Naru... Que bom que você veio.
__Quê?... Você me conhece?__ Naru apontou para si
fazendo careta.
O menino
manteve a serenidade no sorriso e desceu o capuz, aquele cabelo platinado preso
a um rabo de cavalo baixo se revelou algo bagunçado, olhou melhor e viu que
também tinha aquele olhar!
__Jun?!__ Naru perguntou num esgasgo.
__Eu devia ter me deitado com as borboletas, né?__
Jun riu segurando a mão de Naru.
Era
aquela mão tão quente, Naru corou, agora compreendia. Como sempre as palavras
eram dispensáveis, agora tudo fazia sentido.
Não
porque não estava apaixonada por uma menina, nada importava, desde que
estivesse com Jun.
[FIM]
A história da Mel está fascinante, pena não ter continuação.
ResponderEliminarGostei da sua Naru Mel^^
gostei da historia
ResponderEliminarmel chan
muito bom